terça-feira, 25 de março de 2014

Um Sonho...





Numa noite de insónias a custo o sono veio, levando-me e transportando para outras realidades, realidades deste e de outros mundos. Mundos paralelos que só os vivenciamos em sonhos! Neste sonho não subi nem desci mundos, encontrava-me em casa acompanhada pela família na hora de jantar. Na mesa encontrava-se o meu pai, a comentar as noticias do telejornal, a criticar as inflações e os políticos, depois aborrecendo-se, passado um momento de silencio… começou a contar as histórias de vida dele enquanto jovem. Muito atento às suas palavras, estava a minha mãe, que volta e meia lá retorquia alguma coisa, e eu e os meus irmãos estávamos apenas a ouvir com vontade apenas de mastigar o assado que até estava delicioso. 

Nesse momento algo do meu consciente me inquieta, e sem ter tempo para pensar, o sonho muda e estou eu outra vez em casa, mas num espaço de tempo diferente. Olho para mim e reparo que estou mais crescida, e encontro-me atarefada a preparar uma mala de viagem, não consigo entender qual o destino da viagem, mas encontrava-me atrasada e o meu pai estava à minha espera para me levar à estação de comboios e sempre, de minuto a minuto a alertar-me da hora. Quando dei conta, já me encontrava no carro com o meu pai a barafustar pelo trânsito e pelos minutos de atraso que tínhamos saído de casa. Nos entretantos lá conseguimos chegar à estação bem antes da hora de partida do comboio. Já tínhamos pousado as malas e tirado o bilhete, e eu dizia ao meu pai para se quisesse ir embora, no entanto ele resmungava que não e lá caminhava em passos lentos, eternos, de um lado para o outro. E lá se aproximava de mim e voltava outra vez a caminhar em passos mais lentos, pesados, de um lado para o outro com uma distância cada vez maior, mas ainda assim, mesmo da outra ponta observava-me, talvez preocupado com a chegada do comboio.

Passado uns minutos, que pareciam horas, vagarosamente lá chegou o comboio em que eu partiria. Aí, nesse instante, ele se aproximou vigorosamente e me ajudou a transportar a carga das malas para dentro do comboio. Depois das malas postas consegui ouvir a respiração dele como de alívio, talvez pelo esforço das malas. Sinto de repente um aperto no coração, talvez por causa da ansiedade da viagem e então aproximo-me dele para me despedir com dois beijos, como sempre o fazia e ele deseja-me boa viagem. 

Ao entrar consigo finalmente ler para onde se deslocava o meu comboio, em letras maiúsculas e bastante luminosas: “CARPE DIEM”. Sem pestanejar entro e sento-me num dos bancos e aceno para o meu pai, que se encontrava do lado de fora a acenar-me também. Enquanto o comboio começava agora a arrancar, e eu permaneci a observar o meu pai até que ele diminuía muito de tamanho conforme o comboio afastava-se, até que o deixei de ver.

Assim sou de novo transportada, agora para a realidade, enquanto vou aos poucos despertando e tomando completa consciência. Consciência esta às vezes dura e cruel. Quando finalmente abro os olhos e me levanto, levo minhas mãos aos olhos e sinto-os pesados e aguados. Aguados e pesados pela realidade que ainda estava a começar a tomar conta de mim, e assim termino percorrendo todos os compartimentos da casa à procura do meu pai, para lhe contar o sonho que tivera, sem o conseguir encontrar.


A realidade toma conta de mim!
Escrito por: Rosalina Ribeiro a 22 de Março de 2014

1 comentário:

Parapeito disse...

gostei da forma serena como foi escrito este Sonho...
É quase sempre dolorosa a realidade...mas a vida é isso mesmo...
brisas doces*